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Fortaleza:

 Qual é o custo de vida de um trabalhador formal? 

No segundo trimestre de 2019, a economia cearense cresceu o dobro em relação ao Brasil, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). O governador Camilo Santana (PT) atribuiu o crescimento a indústria, que aumentou 4,68%.

 

Entretanto, o salário mensal médio do cearense está entre um dos menores do país. Mesmo com o custo de vida abaixo da média nacional, a população de Fortaleza ainda não recebe o suficiente para o sustento próprio, não conseguindo ter uma vida digna com o salário médio ofertado.

 

De acordo com uma pesquisa divulgada, em 2018, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará apresentou a segunda pior média salarial do país. Em entrevista ao O Povo Online, o economista Alex Araújo garantiu que isso está relacionado com a produtividade. “Setores como agropecuária e comércio, por exemplo, historicamente, têm menor remuneração em função da baixa qualificação profissional exigida e maior oferta de mão de obra, o que faz com que a remuneração fique mais próxima do mínimo”, afirma.

 

As contas básicas de alimentação, transporte e moradia ultrapassam a quantia de R$ 372,63 dentro do valor recebido pelo trabalhador formal. O morador da capital cearense, que recebe 2,7 salários mínimos, não seria capaz de assegurar outras necessidades básicas de uma família formada por dois adultos e duas crianças como higiene, gás (R$ 70,00 - conforme o Sindigás), vestuário, lazer e cultural.

 

A situação ficou ainda mais difícil em fevereiro de 2020, quando o valor da cesta básica de Fortaleza recebeu uma variação de 6,83%, maior aumento do país. Com esse resultado a capital cearense ocupa a primeira posição da cesta básica mais cara do Nordeste.

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Foto Reprodução

Como é formulado o salário mínimo?

O valor do salário mínimo é a menor quantia que uma empresa pode pagar mensalmente aos seus funcionários, de acordo com a lei. Ele é calculado a partir da variação do Produto Interno Bruto (PIB) tomando como base dois anos anteriores ao do reajuste e somado à inflação do ano imediatamente anterior, medida por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). 

Com o objetivo de acompanhar os custos de vida da população nacional, o valor do salário mínimo é reajustados todos os anos. Possibilitando, assim, manter  o poder de compra do trabalhador. 

No dia 15 de abril deste ano, foi enviado um projeto orçamentário ao Congresso Nacional prevendo que o salário mínimo passará de R$ 1.045,00 para R$ 1.079,00 em 2021. Situado dentro do governo Bolsonaro, o valor estimado não promove ganho real aos trabalhadores. A proposta traça as demandas para o orçamento do próximo ano estimando que o piso de salários no Brasil terá uma correção de 3,25%, referentes à previsão de variação da inflação no período.

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Quanto um trabalhador formal recebe?

Em 2017, o trabalhador formal, em Fortaleza, recebia em média 2,7 salários mínimos, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), realizado pelo  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).   

De acordo com os dados da última pesquisa do IDH e o salário mínimo em vigor neste ano, atualmente o fortalezense empregado deve receber 2.821,5 reais.

Com 32% da população trabalhando formalmente, a remuneração da cidade é a terceira maior do estado, ficando atrás de São Gonçalo do Amarante (3,8) e Redenção (3,2). No ranking nacional, Fortaleza ocupa a 340° posição. 

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Custo de vida

O salário mínimo foi idealizado para custear os gastos com vestimentas, higiene (pessoal e do lar), alimentação, transporte e moradia (aluguel, água e  energia). Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o valor para suprir as necessidades de uma família com dois adultos e duas crianças é R$ 4.347,61.

Quanto gasta uma família em Fortaleza?

Alimentação

De acordo com o Dieese, a cesta básica na cidade é a mais cara do Nordeste e a sétima em todo o país. Em fevereiro, comprar os alimentos essenciais no município custava R$ 462,99. No mesmo mês, uma família de dois adultos e duas crianças gastou em média R$ 1.388,97 apenas com alimentação.

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Moradia

As despesas com moradia incluem aluguel, energia e água. 

Em dezembro de 2019, o preço do aluguel por metro quadrado era R$ 17,73, segundo o Índice FipeZap de Locação Residencial. Ao locar uma casa ou apartamento de 65/m² a família deve desembolsar R$ 1.152,45. 

A despesa com energia elétrica numa casa com uma sala, dois quartos, um banheiro, uma cozinha e uma lavanderia custa em média R$ 290,26, conforme o Simulador de consumo da Enel. Veja nas fotos os ítens em cada cômodo e o tempo de utilização.

O cearense usa 125 litros de água por dia, de acordo com os dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Logo, uma família com quatro pessoas utiliza em média 15 mil litros de água por mês. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) cobra R$ 4,11 a cada mil litros de água consumidos. Assim, o preço da conta de água dessa casa seria R$ 61,65.

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Transporte

Dentro do contexto do transporte, no final do mês, uma família gasta R$ 300,8

para deslocamentos básicos.  O gráfico abaixo ilustra os custos.

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Como a pandemia afeta o

trabalhador formal no Ceará?

Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a economia global deve encolher quase 1% este ano. A ONU também prevê que a produção mundial poderá recuar ainda mais se as restrições impostas às atividades econômicas continuarem para o terceiro trimestre. A organização também alerta que a crise pode se acentuar ainda mais se as respostas fiscais falharem em apoiar renda e gastos do consumidor.

Em entrevista concedida, em abril de 2020, ao jornal O Povo, o analista de mercado da Central de Abastecimento (Ceasa) Ceará, Odália Girão, afirma que os produtos que chegam de outros estados tiveram uma redução de consumo no mercado e variação de preço, como foi o caso da batata inglesa.  

Debate sobre os impactos financeiros da pandemia de Covid-19

Projeto Radar

Edição: Sarah Esmeraldo, Letícia Medeiros, Victória Crisostomo e Gabriela Paiva

Audio:  Raquel Santana, Jéssica Alves, Matheus Albino e Lara Montezuma

Redação: Beatriz Irineu, Chate Naberezny, Fayher Lima e Laís Maia

Imagem: Sarah Mariana, Mabel Freitas, Gustavo Lima e Vitor Hugo Mandarino

Orientadora: Adriana Santiago

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